Valorização do ventilador

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Written on 14:05 by Ricardo Paes de Barros

Os termômetros marcaram 39ºC no Rio de Janeiro. Isso é mais ou menos a temperatura de um deserto do Oriente Médio, aquele mesmo, onde os shakes andam em longas roupas e turbantes sob um calor infernal. Talvez lá o calor seja mais intenso, tenho minhas dúvidas. Em São Paulo, o termômetro do meu carro marcou 38ºC e aqueles postes na rua, que alternam hora com temperatura, indicaram mais ou menos 3oºC. Variações térmicas à parte, essa semana foi especialmente quente. Mas não vi tanto problema nisso.
Comecemos lembrando daqueles testes de revistas infanto-juvenis que perguntam se a gente prefere noite ou dia, sol ou lua, calor ou inverno. Sempre fui a favor de temperaturas mais baixas. Elas proporcionam mais conforto e aconchego (nota do escritor: não consegui achar palavra melhor) e é mais fácil de pegar no sono, se me permite dizer. Não há nada pior que dormir no calor.
Mas, tendo vivido por sete dias no inferno, eu descobri a maior invenção humana: o VENTILADOR. Sim, ladies and gentlemen, nosso grande companheiro, o ventilador. Aquela coisa desengonçada cujo fio sempre faz nossas tias tropeçarem no meio do corredor, aquele objeto que, sem uma proteção adequada das pás, pode nos fazer perder as pontas dos dedos. Porque o ventilador - pense um pouco no nome, leitor, você verá que ele é extremamente adequado! - salva vidas.
Eu sempre desprezei essa maravilha da engenharia moderna, que não saía do meu armário e ficava juntando pó. Descobri, entretanto, a delícia que é dormir com o vento na cara, com o ventilador se movimentando de um lado para o outro, ventilando todo o meu dormitório. Ainda me surpreendi com algumas inovações que só um ventilador tem o luxo de possuir, como por exemplo variações na intensidade das pás e uma alavanca que o trava em uma posição única; sem contar a enorme versatilidade do aparelho que pode ser plugado em qualquer tomada.
E meu ventilador não é o único da casa, porque foi comprado para a minha residência o Boing 747 dos ventiladores, um enorme, dez vezes o tamanho do meu que é capaz, acreditem!, de jogar para longe uma senhora magra.
Meu próximo passo é a instalação de um AR-CONDICIONADO nas dependências do meu lar, que na minha opinião seria o substituto ideal do tão valorizado ventilador. Sonho, todos os dias, estar na rua com sessenta graus celsius e entrar em casa com um ar-condicionado bombando, com a temperatura programada para 6ºC.
Se para todos essa semana foi um desastre, para mim nem tanto, porque descobri que meu verdadeiro companheiro, hoje e sempre, é o ventilador. E futuramente... você sabe.

Globo infiel

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Written on 12:58 by Ricardo Paes de Barros

Assim como meu amigo Alberto, que sinceramente espero que esteja lendo isso, decidi assistir aos principais filmes indicados ao 81st Academy Awards, mais conhecido como Oscar 2009. E, pelo pouco que sei, percebi que os indicados são superiores aos do ano passado (Alberto, concorda com isso?). Me surpreendi com a fantástica atuação de Mickey Hourke em The Wrestler e com a dupla Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman em Doubt, fiquei abismado com a qualidade de O Curioso Caso de Benjamin Button, Slumdog Millionaire, dentre outros filmes. Não vou fazer críticas porque esse blog não é pra isso e não sou a pessoa mais apta a tal tarefa, mas só quero deixar registrada a má-fé da Rede Globo de Televisão que NÃO exibirá o Oscar 2009 no domingo dia 22/02, em virtude do Carnaval. Justo no ano em que eu me dedico e assisto a todos os indicados, com a certeza de que assistiria a premiação sem ficar perdido. Viajarei no feriado do Carnaval e contava com nossa amiga Globo para a exibição, já que não passa TNT na minha casa no interior. Obrigado, Globo infiel! Ou seria culpa da Academia em Hollywood por marcar a premiação antes do normal?

O que farei é esperar por reprises na TV paga ou baixar a premiação pela internet, mesmo. Sem a expectativa e todo o entusiasmo, com certeza.

A versatilidade de nosso lar

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Written on 08:34 by Ricardo Paes de Barros


Devido à uma sucessão de pequenos acontecimentos em minha vida, resolvi, hoje mesmo, que mudarei o perfil de minha residência: ela não será mais uma casa de família para se tornar um meio de me deixar milionário. A partir disso, apresento aqui minhas duas propostas para tal fim. Sendo assim, transformarei meu lar:

1) Em um ponto de vendas de DVDs piratas. Antes de tudo agradeço meu grande amigo Gololau por me ensinar as vantagens infindáveis do download via torrent e a maneira, igualmente acessível, de colocar legendas nos filmes que baixo por este método. Percebi que, dada a rapidez e facilidade com que faço tudo isso, meu objetivo é aproveitar todo o público-alvo de pirataria de Higienópolis, Santa Cecília e Pacaembu – grande, por sinal – para que eu lucre com as vendas dos últimos sucessos que ainda não chegaram aos cinemas brasileiros, como por exemplo alguns filmes indicados ao Oscar 2009.

2) Em uma central de apostas do Jogo do Bicho. Conforme relatos de alguns familiares, que andam sonhando com alguns animais, e também baseado na lista dos vinte e cinco animais que compõem o jogo – lista que certo parente meu se dispôs a comentar –, concluí que, afinal, não seria uma má ideia fazer umas apostas aqui. Eu mesmo já sonhei umas três, quatro vezes com ursos pavorosos nos últimos tempos, por isso pretendo, ainda, incluir tal animal na lista de apostas.

Acho que já decidi o que farei de minha feliz existência: ser, de forma concomitante, bicheiro e camelô de DVDs piratas. E, se você quiser fazer parte desse esquema ilegal, só por favor não conte a ninguém. E não pense que vai ter desconto só porque você lê esse blog.

(Espero que minha exagerada seriedade não inspire conclusões precipitadas, hein.)

O mundo em casa

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Written on 10:59 by Ricardo Paes de Barros


A tecnologia, quer queria ou quer não, pelo bem ou pelo mal, de um jeito ou de outro, é vantajosa. Apesar de alguns estudiosos do assunto clamarem veemente de que ela é a grande razão dos nossos problemas, que nosso individualismo produzido pela tecnologia nos levará a um vazio interior e, por consequencia, a uma terceira guerra mundial (!), o consenso geral é de que a vida sem essa tão chamada “tecnologia”, que nos leva ao desenvolvimento e nos tira do marasmo, é atualmente impensável.
Algumas pessoas – inclusive eu, é verdade – vêm nutrindo o hábito de abrir mão do cinema e da televisão e ver filmes e séries no próprio computador. Existem dois lados bem distintos dessa atitude: por um lado, a economia de dinheiro e o ganho de liberdade, ao tornar sua agenda mais flexível e lhe dar a opção de assistir tais filmes/séries quando quiser, como quiser, onde quiser também (se você dispor daquele troço chamado de pen-drive). Por outro, o desconforto de assistir sentado, a posterior explosão do computador em virtude de você estar sobrecarregando-o com tantos dados e o isolamento do mundo, ao se trancar no seu quarto em frente ao monitor. Por ora, penso que todos os benefícios compensam tais prejuízos.
Outra coisa interessante é a gama de celulares à venda; refiro-me especificamente aos smart-phones. Como dono de um, com aquela tecnologia touch-screen, fico maravilhado com o advento da tecnologia, mesmo que ainda não inventaram alguma coisa que o previna de sujeira na tela proveniente da gordura da batatinha frita do McDonald’s. Interessante ver que tais celulares dispensam, a certo ponto, o uso de computador, televisão, jornal, bloco de notas e até mesmo o iPod – é um autêntico combo tecnológico que daqui a alguns anos terá o tamanho e largura de um cartão de crédito e terá uns zilhões de gigabytes. Daqui a pouco será possível estourar pipoca com esses aparelhos.
Lembro-me do tempo em que era amish, e era auto-suficiente em manteiga. Nossa família sentava-se na mesa de jantar e tínhamos de falar do que havíamos feito naquele dia. O diálogo era permeado por afirmações como “papai, hoje matei um cabrito, esse mesmo que você está comendo agora!” e não reclamações cybernéticas do tipo “essa porcaria de internet Wi-Fi só atrasa o meu download de filmes por torrent”. OK, esse último parágrafo foi invenção minha, mas foi só de uns anos para cá que venho realmente usando o poder da tecnologia a meu favor, no sentido de ignorar o mundo exterior, como cinema e televisão, e resumir o entretenimento em um lugar só, o computador – embora ainda não o faça por completo. Na verdade, estou bem longe disso, se comparar com meu amigo Gololau (para aqueles que conhecem…). Talvez daqui a algum tempo… Mas, ainda sim, que saudade do meu tempo amish em que a brincadeira favorita era cortar lenha!

Na foto, a AmishAirlines. Espero que tenham entendido a piada.

Maldito problema de logística

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Written on 13:30 by Ricardo Paes de Barros



Venho percebendo (com o perdão do uso do gerúndio) que, em São Paulo, não se acha mais lugares fáceis para estacionar o carro, o que vem me dando a ideia de usar bicicletas ou mochilas a jato (?).
Essa irritação começou há muito tempo. O que sempre me deixa com os nervos a flor da pele é achar vaga em algum grande evento, tipo algum show, Salão do Automóvel, Carnaval e afins. Por isso, sou adepto dos táxis nessa situação. Penso isso pelo bem de minha família. A tendência é que alguém se irrite com o ato de procurar vagas e acabe estragando o programa. E no shopping, meu Deus do céu! Felizmente, moro perto do Pátio Higienópolis e sempre quando não está chovendo, vamos a pé, aproveitando o bairro. Mas a preguiça e o cansaço vencem e acabamos pegando o carro. Juro: vinte minutos só rondando os andares de estacionamento.
Fui, esta manhã, comprar os ingressos para o Carnaval de São Paulo no Anhembi. Todos pararam o carro naquele pórt-cochere onde vale a regra "parar por cinco minutos para pegar ou deixar alguém", que hoje serviu mesmo como um estacionamento. Foi uma cena hilária, a picape amarela da CET chegando e metade da fila desesperada tirando os carros, estacionando longe dos olhos da polícia.
Você deve estar pensando: sim, a CET está fazendo sua parte, dando multa para aqueles que cometem infrações. Mas meu pai (um sábio, aliás!) me alertou de um grave problema de logística: não havia estacionamento nas redondezas. Não havia lugar para parar, nem mesmo nas extremidades das ruas - estou me referindo à Av. Olavo Fontoura. Proibir a parada de carros lá é fácil, construir locais legais para estacionamento que é difícil. Entendo isso como má-vontade de Prefeitura ou sei lá. Qual seria o problema de abrir o estacionamento do Anhembi, mesmo que pago, para evitar problemas como esses, que, mais cedo ou mais tarde, acabam estragando nosso programa? E na sexta-feira do Carnaval, uma decisão já tomada: táxi, para ir e para voltar.

Espero que gostem da foto.

Os 15 melhores

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Written on 12:29 by Ricardo Paes de Barros

Peço licença poética ao meu amigo Alberto, que gerencia o blog Living the Dream, destinado a cinema, para eu, na minha humilde condição de leigo da indústria cinematográfica, fazer uma lista dos 15 melhores filmes que já assisti, pelo menos até agora. Reconheço antes de tudo que tenho muito o que assistir antes de fazer tal relação, mas, mesmo assim, lá vai:

1. O Silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme, 1991)
2. Babel (Alejandro Gonzales Iñarritu, 2006)
3. A Bruxa de Blair (Daniel Myrick/Eduardo Sánchez, 1999)
4. O curioso caso de Benjamin Button (David Fincher, 2008)
5. O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980)
6. Uma Mente Brilhante (Ron Howard, 2001)
7. O Orfanato (Juan Antonio Bayona, 2007)
8. Os Infiltrados (Martin Scorcese, 2006)
9. Psicose (Alfred Hitckcock, 1960)
10. Borat (Larry Charles, 2006)
11. A Rainha (Stephen Frears, 2006)
12. Melhor é impossível (James L. Brooks, 1997)
13. Queime depois de ler (Joel e Ethan Coen, 2008)
14. A vida dos outros (Florian Henckel von Donnersmarck, 2006)
15. Pequena Miss Sunshine (Jonathan Dayton/Valerie Faris, 2006)



A favorita

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Written on 14:42 by Ricardo Paes de Barros


Quando era menor, costumava ser noveleiro. Adorava O Clone e O beijo do vampiro. Aí sobreveio meu interesse pela televisão paga, e por conseqüência seriados, e parei de assistir novelas do jeito que fazia. Voltei, contudo, esse ano: acompanho A Favorita com a minha família todos os dias possíveis.
Quero esclarecer: eu estou totalmente ciente de que o roteiro tem inúmeros defeitos, coisas inimagináveis, atos que não fazem sentido. Mas novela, acima de ser um objeto de culto (longe disso), é sobretudo uma forma de entretenimento para toda a família. Rio mais da Flora do que com sitcoms americanos atuais. Novela para mim é pra isso, me divertir; e não seguir rigidamente e me envolver emocionalmente, isso é bobeira. Assim como também reprovo novelas com muito chororô, gosto de ação, perseguição, vilões frios e calculistas, mistério. É isso que prende minha atenção, assim como qualquer episódio de CSI.
Hoje é o último episódio e, já aviso, não assistirei as novelas seguintes. É uma rotina muito fechada, todo dia assistindo, e quero guardar a boa impressão que tive dessa novela atual. Vou sentir saudades de A Favorita, meu pai fazendo palavras cruzadas simultaneamente e reclamando que o Zé Bob não faz barba; minha mãe mandando todo mundo ficar quieto e batendo palma nos momentos emocionantes; de eu mesmo tentando calcular (e estimar) a fortuna da família Fontini; da idiota da Irene, da belezura do Rancho...