O mundo em casa

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Written on 10:59 by Ricardo Paes de Barros


A tecnologia, quer queria ou quer não, pelo bem ou pelo mal, de um jeito ou de outro, é vantajosa. Apesar de alguns estudiosos do assunto clamarem veemente de que ela é a grande razão dos nossos problemas, que nosso individualismo produzido pela tecnologia nos levará a um vazio interior e, por consequencia, a uma terceira guerra mundial (!), o consenso geral é de que a vida sem essa tão chamada “tecnologia”, que nos leva ao desenvolvimento e nos tira do marasmo, é atualmente impensável.
Algumas pessoas – inclusive eu, é verdade – vêm nutrindo o hábito de abrir mão do cinema e da televisão e ver filmes e séries no próprio computador. Existem dois lados bem distintos dessa atitude: por um lado, a economia de dinheiro e o ganho de liberdade, ao tornar sua agenda mais flexível e lhe dar a opção de assistir tais filmes/séries quando quiser, como quiser, onde quiser também (se você dispor daquele troço chamado de pen-drive). Por outro, o desconforto de assistir sentado, a posterior explosão do computador em virtude de você estar sobrecarregando-o com tantos dados e o isolamento do mundo, ao se trancar no seu quarto em frente ao monitor. Por ora, penso que todos os benefícios compensam tais prejuízos.
Outra coisa interessante é a gama de celulares à venda; refiro-me especificamente aos smart-phones. Como dono de um, com aquela tecnologia touch-screen, fico maravilhado com o advento da tecnologia, mesmo que ainda não inventaram alguma coisa que o previna de sujeira na tela proveniente da gordura da batatinha frita do McDonald’s. Interessante ver que tais celulares dispensam, a certo ponto, o uso de computador, televisão, jornal, bloco de notas e até mesmo o iPod – é um autêntico combo tecnológico que daqui a alguns anos terá o tamanho e largura de um cartão de crédito e terá uns zilhões de gigabytes. Daqui a pouco será possível estourar pipoca com esses aparelhos.
Lembro-me do tempo em que era amish, e era auto-suficiente em manteiga. Nossa família sentava-se na mesa de jantar e tínhamos de falar do que havíamos feito naquele dia. O diálogo era permeado por afirmações como “papai, hoje matei um cabrito, esse mesmo que você está comendo agora!” e não reclamações cybernéticas do tipo “essa porcaria de internet Wi-Fi só atrasa o meu download de filmes por torrent”. OK, esse último parágrafo foi invenção minha, mas foi só de uns anos para cá que venho realmente usando o poder da tecnologia a meu favor, no sentido de ignorar o mundo exterior, como cinema e televisão, e resumir o entretenimento em um lugar só, o computador – embora ainda não o faça por completo. Na verdade, estou bem longe disso, se comparar com meu amigo Gololau (para aqueles que conhecem…). Talvez daqui a algum tempo… Mas, ainda sim, que saudade do meu tempo amish em que a brincadeira favorita era cortar lenha!

Na foto, a AmishAirlines. Espero que tenham entendido a piada.

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2 Comments

  1. Isabella |

    Ricardo, este post está simplesmente ótimo! Tem um bom senso de de humor(Boa escolha a da foto a propósito hahahha) e contém argumentos bem colocados e convincentes.Vc escreve muito bem! Parabéns mesmo!
    ps:Também adoro os amishes! Que bom que vc os incluiu! rsrsr

     
  2. Ana Bia |

    (AMISH AIRLINES, HAHA)

    Claro, claro, a tecnologia é muito benéfica para todos (mesmo para aqueles que não a admitem), mas aí o garoto influenciado pelo capitalismo e a modernidade se tranca em um cubículo e assiste todos os filmes que estão passando no cinema (filmes que ele poderia estar assistindo com os amigos...).
    Cuidado, meu rapaz, apesar de benéfica, a Internet pode ser perigosa!
    Aguardo, ainda assim, ansiosamente pelo dia em que poderei estourar pipocas com um simples toque no iPhone.

    E Ricardo, meu rapaz, você nunca foi um amish.

     

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